19 de novembro de 2007

Como vender para pobre -- pela internet

Empresas de vendas online e redes de varejo começam a perceber que o consumidor de baixa renda também navega (e compra) pelo computador


O aumento do poder aquisitivo da população de baixa renda na última década tem provocado um fenômeno que se propaga em forma de ondas. Em um primeiro momento, houve uma guinada na indústria de produtos de consumo, que passou a desenvolver todo tipo de mercadoria voltada para esse público -- de biscoitos recheados a geladeiras. Depois foi a vez de as grandes redes de varejo mudarem para atrair e atender melhor os novos clientes. O movimento seguiu reverberando ainda por áreas tão diversas como a de serviços financeiros e o setor imobiliário.
Agora, a base da pirâmide começa a entrar no foco das empresas especializadas em vendas pela internet. Entusiasmados com as vendas de computadores de baixo custo -- estima-se que em 2007 sejam vendidos cerca de 10 milhões de máquinas, 80% com preço em torno de 1 500 reais -- e o crescimento de conexões de internet, os varejistas online já exploram a nova fronteira do setor, com lojas virtuais voltadas especificamente para clientes com renda familiar inferior a dez salários mínimos. "Esse é um público que não pode mais ser ignorado", diz Pedro Guasti, diretor-geral da e-bit, consultoria especializada em comércio eletrônico que acompanha o mercado nacional desde 2001.
As estatísticas compiladas pela e-bit apontam que pelo menos 45% das compras nos principais sites são realizadas por consumidores com renda familiar de até 3 000 reais. Em 2001, esse índice era de 38%. É um avanço tão significativo que a Casas Bahia, maior rede de varejo de móveis e eletroeletrônicos do país -- e até agora refratária a qualquer iniciativa que fosse além de suas lojas físicas --, finalmente se prepara para tirar do papel um projeto de loja online no ano que vem. É quando a rede deve atingir a marca de 4 milhões de cartões de crédito emitidos em parceria com o Bradesco e a bandeira Visa. O cartão será o principal mecanismo de pagamento e financiamento das compras online. "Assim que atingirmos o número base de cartões, começaremos na internet", diz Michael Klein, diretor executivo da rede. Atualmente, a Casas Bahia conta com cerca de 3,4 milhões de cartões já emitidos. Segundo Klein, o objetivo da operação online é aumentar o alcance da rede e oferecer mais opções aos consumidores que já são clientes das lojas físicas. "Produtos que o consumidor não achar na loja, ele vai encontrar na internet", diz.
Fonte: Revista Exame

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